DISCO É CULTURA
Por: Romualdo Braga
Por: Romualdo Braga
Professor de História e Produtor de Rádio.
romualdobraga.blogspot.com - romualdobraga@gmail.com
Desde pequeno ouço falar na chegada do progresso, do futuro, da tecnologia de ponta, de carros que voam, de um mundo onde seremos homens e mulheres vestidos com roupas especiais. Aliás, muitos foram os filmes que anunciavam de maneira apoteótica esta chegada do futuro. Quem não se lembra do empolgante filme “Jornada nas Estrelas, 2001 uma odisséia no espaço”, ou ainda, o mais recente “Matrix”.
De certo, todo homem tem na sua essência a curiosidade como alavanca para o seu bem estar. Prova disto são as invenções práticas como a roda, seja ela talhada em pedra, madeira, aço ou alumínio. Ou ainda, os modernos Ipods, que armazenam milhares de canções em um pequeno aparelho. Estes exemplos retratam a realidade de nosso mundo, onde persiste a idéia de progresso a qualquer custo, sem se importar com as conseqüências.
Mas a história prova que nem sempre tecnologia é sinônimo de progresso. Dos anos 50 pra cá, a humanidade, ainda sob o efeito da busca por produtos e manufaturas que facilitassem a sua vida, assistiu a ascensão e queda do disco de vinil.
O manufaturado em formato redondo, feito de plástico, na maioria das vezes é encontrado na tonalidade preta e fora desenvolvido no início da década de 1950 para reprodução musical.
Chamado simpaticamente de bolachão, LP (Long Play) ou simplesmente de Vinil, se tornou figura marcante nos lares, matinês e festas em geral por décadas no mundo inteiro.
No Brasil, o vinil foi responsável e testemunha importantíssima do surgimento de diversas manifestações musicais, do samba ao rock, da MPB ao funk, do maracatu ao jazz, lá estava ele, reproduzindo com fidelidade o momento ímpar do artista. Sua trajetória foi interrompida no início dos anos 90 com o surgimento do novo representante do avanço tecnológico; o Compact Disc (CD) este por sua vez era bem menor, prático e com capacidade de reprodução digital jamais vista.
Bom, bonito e sofisticado, mas nada comparável a fidelidade sonora do vinil. Felizmente até os dias de hoje, essa mistura de chiado e melodia, se mantém de pé por amantes da música. Basta ver os inúmeros movimentos em todo mundo. Só na rede de relacionamento orkut-Brasil existem 87 comunidades com mais de 60 mil participantes que renegam a promessa musical dos CD’s, ipods e afins.
Se pegarmos um vinil dos anos 50,60,70, 80 ou 90 encontraremos registros em suas capas e encartes que contam momentos vividos, desejos e afinidades dos artistas, como a dedicatória de próprio punho de Vinicius de Moraes a Elizeth Cardoso em seu disco de estréia em 1963. Já nos anos 80, o disco, também de estréia, da banda Blitz vendeu quase um milhão de cópias mesmo tendo uma de suas faixas censurada e manualmente arranhada pelo orgão de censura e repressão da ditadura.
Diferente do CD, o disco de vinil nada mais é do que um importante e verdadeiro documento histórico da humanidade. Como diria Renato Russo: “Disco é Cultura Ouça em Volume Maximo!!!”
“A gente não quer só comida...”
(Titãs)
* Artigo publicado no Jornal O Diário
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