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Tá na agulha?
Depois de um período no ostracismo o velho LP volta com tudo
Quando surgiu na década de 50 nos EUA, o Long Play (LP) foi uma revolução tecnológica. Enfim, aposentamos os velhos, pesados e pouco práticos discos de 78 RPM. Ao invés de uma música por lado, poderíamos ouvir seis, sete, num total de 14 músicas por disco. Fora o som, que era bem melhor que dos antigos discos. Com isso acabaram-se os 78 rotações e sobraram uns poucos hoje em dia para contar história. Depois de anos de um império absoluto no mundo da música, tendo como companhia apenas a inofensiva fita cassete, o LP se viu diante da mesma evolução tecnológica pela qual despachou o finado 78 RPM. No final da década de 1980, o mundo estava maravilhado com a tecnologia digital do Compact Disc (CD). Um pequeno disco, com um lado só e com qualidade de som muito melhor que a dos bolachões , afinal, não se utilizava agulha e nem qualquer meio mecânico. O puro e límpido som vinha de um leitor digital. Foi decretado o fim do vinil. Aparelhos deixaram de ser fabricados e quem ainda os tinha era taxado de obsoleto. Mas ele não morreu Passados quase 20 anos de sua morte , do reino do CD e de outras mídias digitais, o vinil continua mais vivo e cultuado que nunca. Jovens, adultos, DJS e ouvintes comuns, a cada dia que passa compram mais LPs e aparelhos. Até o início da década, os discos só eram comercializados em sebos especializados. Os álbuns usados são encontrados nestes locais por preços que variam desde R$ 1,00 a até R$ 1 mil. A maioria dos compradores são colecionadores entre 35 e 60 anos, compram rock, MPB e bossa nova. , diz Cleberson Aquino, do Sebo do Messias, que conta com um acervo de centenas de discos e é um dos maiores de São Paulo. O culto ao vinil chega ao ponto de algumas pessoas pagarem quantias exorbitantes por um. É o caso do álbum Louco Por Você (1961), o primeiro e renegado LP do Rei Roberto Carlos. Como foram feitas poucas cópias e nunca se produziu reedições, os poucos exemplares do disco são disputados em leilões virtuais com o valor mínimo de R$ 3 mil. Lembra das discotecas? Elas voltaram Ao ler o subtítulo acima pode se pensar que estamos falando das Dischotéques, que eram as danceterias que tocavam Disco Music nos anos 70. Mas na mesma época e até antes, as lojas que vendiam discos eram conhecidas pela alcunha de discotecas. E mesmo que timidamente e elitizados, podemos ver alguns estabelecimentos que vendem LPs. Principalmente nas grandes cidades. É o caso da Livraria Cultura em São Paulo, que vende vinil desde 2006, e cada vez mais: Até agora, já vendemos mais discos em 2008 do que em 2007 inteiro. , diz Thaís Arruda, assessora de imprensa da livraria. A loja trabalha atualmente com mais de 600 títulos de LPs vindos de mais de 80 selos americanos e europeus. Entre a lista dos mais vendidos, estão clássicos absolutos da música como Abbey Road (Beatles) e Dark Side Of The Moon (Pink Floyd) e também novidades como Back To Black (Amy Winehouse) e In Rainbows (Radiohead). Vale lembrar que na Europa e nos Estados Unidos, o hábito de se ouvir em vinil nunca foi abolido, como no Brasil, por isso muitos artistas desses locais lançam até hoje álbuns em CD e também em LP.
E no Brasil... Na terra do samba, do futebol e da pirataria desenfreada de CDs, alguns artistas também lançam seus álbuns em vinil. É o caso de Lenine. O recém-lançado álbum do cantor, Labiata, foi prensado com cópias em vinil. Em entrevista para o Guia da Semana o músico argumentou sua escolha pelo formato: O vinil é um pouco diferente, pois por ser descendente direto do universo analógico e ser sua mais completa tradução, foi o que melhor se produziu para reprodução de áudio. O contato da agulha no sulco é insubstituível, portanto, a meu ver, é o formato mais refinado e fiel ao som .Lenine acredita que, com o passar do tempo, o vinil retornará a seu status de antigamente. O que era peça de museu vai ser o veículo dos colecionadores. Afirma o músico. Som na caixa e dinheiro no bolso O vinil está aí, mas não popular como antes. Se você é fã do LP, gosta de sentir o chiado e adora ouvir o lado A e o lado B, saiba que um toca discos novo, completo, sai entre R$ 500,00 e R$ 1.500,00. Esse preço se deve ao fato dos aparelhos serem importados. Se você acha o preço do CD caro, irá se espantar com o valor dos novos álbuns, na faixa de R$ 80,00 a R$ 100,00, também devido à importação. Já que o Brasil não produz vinil desde o fechamento de sua única fábrica sobrevivente, a PolySom, no início do ano. Portanto, o bolachão está de volta. Com nova roupagem, mais elitizado e badalado. Logo, voltaremos a ouvir uma gíria comum há algumas décadas, quando se colocava uma música pra se ouvir na vitrola: Tá na agulha?
* Colaboração de Aucilene Freitas.
Fonte: http://yahoo.guiadasemana.com.br/yahoo/iframe/channel_noticias.asp?id=3&cd_city=1&cd_news=43831
terça-feira, 7 de outubro de 2008
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