A Noite do Vinil desta semana vai ser marron. Será apresentado os Lps gravados por Alcione. Com sua voz marcante que conquistou seu espaço no mundo do samba. São poucas as mulheres que quebraram a barreira do domínio masculino neste estilo musical, marcado pela boemia e pela malandragem. Dificuldade maior ainda para ela, vinda do Maranhão e adentrando o gueto carioca.
O Vinil acontece nesta quarta-feira, dia 15 de abril às 22h na Taberna Dom Tutti, localizado à Rua das Palmeiras, 13, próximo ao Parque Alzira Vargas (atrás do Churrasquinho do Luiz na 28 de março).
Alcione
Cantora. Instrumentista. Compositora.
O pai, João Carlos Dias Nazareth, foi mestre de banda da Polícia Militar de São Luís do Maranhão e professor de música. Foi ele quem lhe ensinou, ainda cedo, a tocar diversos instrumentos de sopro, como o clarinete, que começou a estudar aos 13 anos. Com essa idade, tocava e cantava em festas de amigos e familiares.
Sua primeira apresentação foi aos 12 anos, na Orquestra Jazz Guarani, da qual seu pai era integrante. Certa noite, o crooner da orquestra ficou rouco, sendo substituído pela menina, que, mais tarde, ficou conhecida como "Marrom". Na ocasião cantou com sucesso a música "Palma branca" e o fado "Ai, Mouraria".
Em 1968 mudou-se para o Rio de Janeiro indo trabalhar em uma loja de discos.
Começou cantando na noite, levada pelo cantor Everardo, que ensaiava no Little Club, boate situada no conhecido Beco das Garrafas, reduto histórico do nascimento da bossa nova, em Copacabana.
Destacou-se ao vencer as duas primeiras eliminatórias do programa "A Grande Chance", de Flávio Cavalcanti. Nessa mesma época, assinou o primeiro contrato profissional com a TV Excelsior, apresentando-se no programa "Sendas do Sucesso". Depois de seis meses nessa emissora, realizou uma turnê de quatro meses pela América Latina.
Em 1970, viajou também à Europa, onde ficou por dois anos, principalmente na Itália. Nessa época, costumava apresentar-se com o cantor Emílio Santiago, na boate "Preto 22", de Flávio Cavalcanti, em Ipanema, Rio de Janeiro.
Em meados dos anos 70, foi para São Paulo apresentar-se no "Blow-up", onde conheceu o cantor Jair Rodrigues, que a levou para a gravadora PolyGram, na qual no ano de 1972 gravou o primeiro compacto simples, no qual constavam "Figa de Guiné" (Reginaldo Bessa e Nei Lopes) e "O sonho acabou".
Lançou outros compactos simples e viajou, em 1973, para o México.
Em 1974, participou do "Festival da Canção Portuguesa". No ano seguinte, gravou, pela Philips, um compacto duplo com quatro sambas-enredo: Mangueira, São Carlos, Padre Miguel e Salgueiro. Ainda neste ano, lançou, pela mesma gravadora, o primeiro LP, "A voz do samba", no qual interpretou "Acorda que eu quero ver" (Carlos Dafé), "É amor... Deixa doer" (Mita), "Aruandê" (Edil Pacheco e Nélson Rufino) e "Batuque feiticeiro" (Candeia). Devido a dois grandes sucessos do disco, "Não deixe o samba morrer" (Edson e Aluísio) e "O surdo" (Totonho e Paulinho Rezende), ganhou o primeiro "Disco de Ouro".
Em 1976, lançou o LP "Morte de um poeta", do qual se destacaram os sucessos "Lá vem você" (Totonho, Paulinho Rezende e Zayrinha), "Morte de um poeta" (Totonho e Paulinho Rezende) e "É melhor dizer adeus" (Mita). No disco foi incluída também a composição "Jesuino Galo Doido" (Antonio Carlos e Jocafi), trilha sonora do filme "Pastores da Noite", baseado em obra de Jorge Amado.
O disco de 1977, "Pra que chorar", vendeu 400 mil cópias, consagrando-a como cantora nacionalmente conhecida. Desse disco, despontaram vários sucessos de sua carreira, como "Ilha de maré" (Lupa e Walmir Lima), "Pedra que não cria limo" (Vevé Calazans e Nilton Alecrim), "Pandeiro é meu nome" (Venâncio e Chico da Silva) e a faixa-título "Pra que chorar" (Baden Powell e Vinicius de Moraes). No ano seguinte, em 1978, lançou o LP "Alerta Geral", nome do programa de música popular brasileira da Rede Globo, dirigido por Augusto César Vannucci e escrito por Ricardo Cravo Albin, comandado pela "Marrom" durante dois anos. Desse disco, várias composições fizeram sucesso, entre elas "Sufoco" (Chico da Silva e Antonio José), "Entre a sola e o salto" (Giberto Gil), "Eu sou a marrom" (Roberto Corrêa e Sylvio Son) e "Zelão" (Sérgio Ricardo).
Em 1979, com a composição "Gostoso veneno", de Wilson Moreira e Nei Lopes, ficou em primeiro lugar nas paradas de sucesso de todo o país. A música deu título ao LP, que trouxe, entre outras, "Menino sem juízo" (Paulinho Rezende e Chico Roque), "Rio antigo" (Nonato Buzar e Chico Anísio) e "Dia de graça" (Candeia). Um ano depois, ainda pela gravadora Philips, lançou o disco "E vamos à luta", no qual interpretou "Meu dia de graça" (Dedé da Portela e Sérgio Fonseca), "Quadro de Ismael" (Carlos Dafé e Toninho Lemos), "Eu sei" (Cartola), faixa que contou com a participação especial do compositor, e, ainda, a faixa-título, de autoria de Gonzaguinha.
Em 1981, no LP "Alcione", interpretou "Minha filosofia" (Aluízio Machado), "Novo amor" (Arlindo Cruz e Rixxa), "O pandeiro é meu" (Zé do Maranhão e Cidney Rocha) e "Pintura sem arte" (Candeia).
Em 1982 lançou o disco "Vamos arrepiar" pela BMG. Neste mesmo ano, em comemoração aos dez anos de carreira fonográfica, sua gravadora lançou a coletânea "Alcione dez anos depois", na qual foram reunidos alguns de seus sucessos. No ano seguinte, pela gravadora RCA, lançou o LP "Almas & corações", disco no qual incluiu uma composição de sua autoria, "Amor em tom menor", em parceria com Nilton Barros, além de outros sucessos, como "Um ser de luz" (João Nogueira, Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), música em homenagem à Clara Nunes, falecida naquele ano e de quem fora amiga por muito tempo. Anos mais tarde, Alcione viria a lhe prestar outra homenagem.
Em 1984, no disco "Da cor do Brasil", interpretou "A luz do vencedor" (Candeia e Luiz Carlos da Vila), "Mangueira Estação Primeira" (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) e "Roda ciranda" (Martinho da Vila), faixa que contou com a participação especial de Maria Bethânia.
Em 1985, destacou-se com a gravação da música "Nem morta", no LP "Fogo da Vida". Deste mesmo disco, outras composições tornaram-se sucesso, como "Mesa de bar" (Gonzaguinha) e "Ara-Keto" (Edil Pacheco e Paulo César Pinheiro).
Em 1987, no disco "Nosso nome: resistência", incluiu "Ou ela ou eu" (Flávio Augusto e Carlos Rocha), "Afreketê" (Edil Pacheco e Paulo César Pinheiro) e "Raio de luar" (Dauro do Salgueiro e Nei Lopes), entre outras. No ano posterior, ainda pela gravadora RCA, lançou o LP "Ouro & cobre", no qual interpretou "Toque macio" (Alberto Gino), "Vizinha faladeira" (Arlindo Cruz, Luiz Carlos da Vila e Acyr Marques) e a faixa-título "Ouro & cobre" (Anézio e Wilson Bombeiro).
Em 1992, lançou o LP "Pulsa coração", no qual interpretou "Delírios de amor" (Chico Roque e Carlos Colla), "Mironga do mato" (Wilson Moreira e Nei Lopes) e "Coração brasileiro" (Arlindo Cruz, Franco e Acyr Marques).
Em 1995, participou do disco-homenagem "Clara Nunes com vida", no qual fez dueto (com voz incluída posteriormente) com Clara Nunes na faixa "Sem companhia" (Ivor Lancellotti e Paulo César Pinheiro).
Informações:
http://www.dicionariompb.com.br